Educação a Distância
A Educação a Distância (EAD) é considerada, segundo o decreto
Decreto-Lei n° 2.494, de 10/2/1998 como, “uma forma de ensino que
possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados (...)”. A legislação em EAD, atual, mostra
avanços significativos, mas não temos a intenção de acompanhar o
crescimento histórico da presente modalidade de ensino, e sim, perceber
através, de práticas uma superação de valores, atitudes dando
significado ao fazer Educação a Distância.
O cenário atual da EAD vem passando por transformações a partir de um
contexto de mudanças de valores, em que a diversidade cultural é
presente, tendo um significado maior em sua contextualização, de saberes
e conhecimentos, assumindo um papel importante na sociedade vigente, na
qual a globalização gera uma necessidade de comunicação e informação
sem fronteiras.
A sociedade vigente caracterizada pela seletividade e dualismo pode
restringir a EAD em vários pontos, que por uma legislação específica,
podemos entendê-la como meio para inclusão, na qual visa a partir de um
espaço interativo, troca de saberes em que deve ser potencializada
competências que possam garantir a formação de um cidadão atuante na
presente sociedade. Portanto devemos construir parcerias a partir de uma
discussão, que norteiem um fazer EAD comprometido com suas reais
necessidades, as quais venham legitimar sua prática.
Em âmbito geral, levando em consideração as mudanças que vêem
acontecendo em nossa sociedade, podemos entender a EAD como uma
modalidade de ensino que tem suas peculiaridades, na qual sua proposta
pedagógica deverá ser rediscutida no que se refere à modalidade à
distância, em que seu referencial de fazer educação não seja,
parcialmente, anulado.
O avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) provocou
mudanças significativas em fazer EAD, logo foi criando corpo, hoje, está
presente em todos os setores, em particular, sua presença no sistema
educacional faz com que reflitamos sobre pontos inerente à educação,
como: didática, metodologia, avaliação, planejamento, dentre outros
pontos relevantes.
Consideramos as atividades presenciais na EAD como complemento de um
processo de ensino-aprendizagem, na qual não deverá ser tida como
prioridade para avaliar, porém somada as diferentes realidades em que a
EAD se apresenta.
Sabemos que sua proposta é significativa no que diz respeito a fazer
educação de forma efetiva. Mesmo de forma consciente, autônoma,
interativa, comprometida com a formação continuada, na qual dará
oportunidade a sociedade um espaço de formação, de troca e meio à
inclusão para uma educação para todos, encontramos distorções que
inviabilizam o processo educacional à distância.
A definição de EAD como uma proposta inclusiva ainda precisa ser
repensada como educação para o futuro, em que sua proposta não deve ser
vista como saída para uma educação justa, mas como momento inerente ao
que vivemos, hoje, no qual é um processo árduo, que precisa superar suas
limitações a partir de uma legislação repensada não no moldes que já
temos, porém condizente ao momento em que estamos, propondo um
significado crítico-reflexivo ao que queremos.
As questões importantes, levantadas no presente artigo, sobre tal tema,
podem ser consideradas como caminho para uma educação inovadora a partir
de uma roupagem caracterizada pela interatividade e não-linearidade, em
que se apresenta não como saída para uma educação de qualidade, mas
complementar a que temos, modalidade presencial, para uma educação
justa.
De acordo com Litwin (2001), a EAD é considerada como uma modalidade de
ensino com características específicas, caracterizando-se pela
utilização de uma multiplicidade de recursos pedagógicos, objetivando a
construção do conhecimento, na qual apresenta excelentes possibilidades
da modalidade para a educação permanente.
O primeiro ponto que discutiremos é a mediação como princípio
educacional que requer superação de limitações, as quais surgem a partir
de desafios inerentes ao meio. Os desafios se apresentam com um
significado pertinente a construção da aprendizagem, surgem num espaço
de desequilíbrio, nos quais expectativas são afloradas desencadeando
necessidades para a atuação de um indivíduo, quer flexível. Os termos
mediação e desafio estão relacionados ao que se refere às
potencialidades necessárias à superação de entraves que possam surgir ao
nos depararmos num mundo de transformações constantes.
A mediação surge como meio viável à intervenção necessária para
propiciar credibilidade ao ousar no desconhecido. O mediador deve está
preparado para proporcionar um ambiente de desequilíbrio à realidade do
indivíduo sem subestimá-lo, percebendo a partir de um diagnóstico prévio
suas reais necessidades.
O processo de ensino aprendizagem quer presencial ou à distância requer
um espaço interativo, confiável, onde a reciprocidade na construção do
conhecimento é fundamental. Considerando a mediação enquanto princípio
educativo, podemos viabilizar o processo no que se refere a sua
potencialidade. A mediação como princípio educacional vem resignificar a
prática docente, em particular, na EAD a presença de um espaço de
mediações promove as competências do tutor a um significado de valores
inerente a sua atuação.
Um outro ponto é a abordagem de aprendizagem, de acordo com Costa Lins,
Ribeiro e Neves (2004), as teorias comportamentais “... são teorias
calcadas nas características de indivíduos ou de espécies de indivíduos,
e que dão pouquíssima ou nenhuma atenção às condições sócioculturais de
vida desses mesmos indivíduos. O núcleo comum dessas teorias é a ênfase
dada aos comportamentos modificados, se bem que as suas formas de
obtenção sejam peculiares a cada um”.
Portanto consideramos a importância de registrarmos as contribuições dos
estudos de Pavlov, Skinner e Bandura no que se refere aos critérios que
legitima a aprendizagem: aquisição, retenção e transferência, para
exemplificarmos se há aprendizagens que podem ser explicadas através da
abordagem comportamental e se há outras que não podem.
Ivan Pavlov fundamenta sua teoria por meio do estímulo condicionado, a
aquisição se dá pelo condicionamento respondente; a retenção é fraca e a
transferência é tida como ponto negativo em sua teoria, não há
aprendizagem significativa, conhecida como condicionamento clássico.
Skinner fundamenta sua teoria por meio do condicionado operante, a
aquisição é fácil e rápida; a retenção não é forte e a transferência é
pouco presente. O reforço é uma característica fundamental.
Albert Bandura fundamenta sua teoria por meio do condicionado social, a
aquisição se faz de modo indireto; a retenção não é muito grande e a
transferência será reduzida, conhecida como aprendizagem vicariante.
Diante da apreciação feita acima acerca da construção do conhecimento,
segundo os principais nomes das teorias comportamentais, há
aprendizagens que podem ser explicadas a partir do condicionamento,
ponto chave para fundamentação nas presentes teorias. Um exemplo
clássico é o uso de códigos para se comunicar, usamos símbolos fictícios
que constituam o nosso alfabeto, o reforço é fundamental para que
possamos fixar e/ou apreender, com um tempo sem reforço será inevitável
esquecer, fazendo uma analogia à simbologia matemática, a interação se
faz presente através da contextualização e dos requisitos inerente a
potencialidades ao que se refere o conhecimento matemático,
características das teorias cognitivas.
De acordo com Costa Lins, Ribeiro e Neves (2004), as teorias cognitivas
“... se caracterizam por apresentar a aprendizagem como resultante de um
processo de construção”.
Portanto consideramos a importância de registrarmos as contribuições dos
estudos de Gestalt, Jean Piaget, Jerome Bruner, Lev Vygotsky e Howard
Gardner no que se refere aos critérios que legitima a aprendizagem:
aquisição, retenção e transferência, para destacarmos aspectos das
abordagens de aprendizagem que são úteis na prática do professor/tutor.
Gestalt fundamenta sua teoria na percepção, a aquisição, ou seja, a
aprendizagem ocorre por meio de relações estruturadas; a retenção, como a
aprendizagem é conservada, se dá pela observação da permanência e na
sua reutilização, e a transferência possibilita uma comunicação entre
diversas estruturas anteriores e as novas situações.
Jean Piaget fundamenta sua teoria por meio da interação do sujeito
(homem) com o objeto (meio-físico-social), a aquisição está relacionada
com processo de equilibração; a retenção considera o inconsciente
cognitivo e a transferência considera as suas aprendizagens anteriores, a
partir de novas situações.
Jerome Bruner fundamenta sua teoria por meio da intuição, a aquisição
está relacionada com a percepção; a retenção, com a disponibilidade do
conteúdo intuído a uma categoria para sua utilização e a transferência a
partir de novas intuições.
Lev Vygotsky, apresenta uma teoria psicológica sóciocultural do
desenvolvimento, a aquisição acontece por meio da mediação simbólica; a
retenção confere a cada conteúdo um significado e a transferência é uma
constante.
A abordagem sóciocultural enfatiza aspectos sócios-políticos-culturais,
tendo forte vínculo com a cultura popular. Todos os seres humanos são
homens concretos, situados no tempo e no espaço, inseridos num contexto
histórico.
O homem chegará a ser sujeito através da reflexão sobre seu ambiente
concreto, quanto mais ele reflete sobre a sua própria condição concreta,
mais se torna progressiva e gradualmente consciente, comprometido a
intervir na realidade para mudá-la. Nos dias de hoje todo e qualquer conhecimento não se restringe mais a um único grupo, pois tudo o que é produzido independente do lugar, passa a ser partilhado por um amplo número de pessoas. Distâncias agora inexistem e são minimizadas por ricas trocas que acontecem em ambientes virtuais em rede. Essa mudança de comportamento social vem ocorrendo de forma muito natural através das redes sociais ou até mesmo pelas buscas de informações que fazemos através do mundo virtual dos blogs, sites específicos e vídeos.
Ola Maria Luiza
ResponderExcluirInteressante seu texto. Realmente as possibilidades que a EaD abrem para discussão no campo educacional são grandes. Na verdade os espaços educacionais que se põe a quem pretende fazer um curso EaD quando bem estruturados permitem a efetiva interação entre os membros e a construção do conhecimento de forma coletiva, registrada e disponível a todos e não somente nos cadernos.
Parabéns pela discussão.
Marco Paletta
O Ensino a Distância vem aumentando muito sua participação nos ultimos anos, acredito que um aluno EAD tem em sua maioria um perfil focado para a pesquisa e a auto aprendizagem, acredito nos modelos de graduação que intercala pesquisas com aulas presenciais e, se esta combinação for bem aproveitada pelo aluno ele tem tudo para fazer um bom curso.
ResponderExcluirJá na Pós Graduação o perfil é de alunos já maduros que podem seguir o curso fazendo somente as provas presenciais, a grande vantagem é flexibilidade de tempo podendo ser adaptado conforme sua possibilidade.
Olá! Concordo com os cometários de ambos os Marco, quando afirmam que o aluno EaD precisa ter gosto pela pesquisa e foco para o auto estudo e que a EaD abre possibilidades para isso. Assim um aluno com maturidade, comprometido com seu desejo de aprender terá muito mais sucesso na EaD que num ambiente presencial com com foco apenas em atividades de classe, com limitações para abranger um universo que fica disponíveis em ambientes extra classe.
ResponderExcluirParabéns, pelo seu artigo e sucesso.
http://melitamw.comunidades.net/
Concordo com você Melita, as essa maturidade os alunos ainda não adquiriram...
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